sexta-feira, abril 29, 2005
Siesta
É a falta de descanso. Pode ser porque não se dorme, ou se dorme pouco, ou se está tão ansioso que o mergulho no sono nunca mais acontece e só ali ficamos em cima da prancha, circunspectos, a tentar adivinhar a distância do salto a que nos vamos arriscar e sabendo que o dia seguinte começa cedo- um exame importante, uma viagem, nem que seja a 50 km de distância, se forem ares novos viagem prevista invariavelmente por remoinhos no baixo-ventre, ou mesmo véspera de uma verdade a confessar. A água da piscina serena, ainda dificulta mais a estimativa da altura (quando era miúda era um dos segredos para saltar da prancha de 7,5 metros; o outro era saltar logo de seguida, impusionando o salto desde oínício da prancha de cimento, pois se olhasse muito para o fundo azul, o medo invadia-me e estava sujeita a descer as escadinhas de acesso às pranchas, propositadamente íngremes para desmotivar descidas arrependidas). Pronto, mas falava de dormir pouco. Acordar estremunhada, uma sensação literal de cérebro molhado e espremido. Quando se acorda no meio de sonho, então pior: os olhos não focam o dia, o dispositivo do zoom ocular preguiçoso, incapaz de trocar mais expressões com as restantes alminhas da casa, que não sejam “O esquentador está ligado?”, “Faz torradas também para mim!” e um eventual “Deixa-me a tábua montada!”. Li sobre o programar o sono com umas simples contas matemáticas, de forma a não interromper os ciclos e assim nunca seríamos roubados a uma imagem idílica, nem pareceríamos zombies, mesmo com pouco tempo de cama. Nunca me deu resultado, porque há coisas que não as concebo em matemática, como o sono, o comer e o amor. A auto-estima de rastos? Acontece-me quando não durmo pelo menos 6 horas por noite. Faço uma careta irreflectida assim que passo por um espelho e encontro-me ao nível esquálido e misturado do lixo num aterro? Sesta precisa-se.
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1 comentário:
nem sabes como escreveste esse post por mim, hoje.
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