sexta-feira, junho 17, 2005
Anjo Mudo
Falaram-me que há uma dança das palavras, outra do corpo. Também, do perigo que isso é. Falaram-me de tudo isto com palavras, claro, que são as matérias que sustentam o acto elocutório. Desliguei o telefone, disse-te, gosto muito de ti, camundongo. E penso, de mim para mim, o facto de sermos os dois tipos com mais de quarenta anos, de tu teres vindo um ano e meio antes de mim, dá algum pitoresco a isto tudo. É verdade que durante toda a minha vida tentei trabalhar-me para não guardar os sentimentos dentro de mim. Gostarmos de alguém e dizê-lo, nada me parece mais justo. No entanto tenho notado desde que escrevo aqui, uma maior desenvoltura na expressão dos meus sentimentos. Palavras, ainda, talvez não mais do que palavras. Não apenas palavras, no entanto. Ocorreu-me isto porque pensei em dizer-te algo, em soletrar-te a magia, a noite, lá ao fundo, aqui, e calei, não saberia o que te dizer. Tenho também alguma esperança de que no meu silêncio encontres alguma resposta.
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1 comentário:
é o escondermo-nos do medo das palavras ditas frente ao outro atrás de um monitor.
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