terça-feira, junho 07, 2005
Como a imperial, quanto mais velha mais choca, como a aguardente, quanto mais velha mais doce...
Fiz de conta que não te vi. Respirei fundo e concentrei-me numa montra da rua. Não teria palavras para ti. O que é que se diz a alguém a quem já não se vê há muito? Olá e Adeus? Dramático. Como vão os teus pais? Demasiado ciente da finitude. O trabalho? Previsível. Casaste? Foleiro. Andas pela vida? Insustentavelmente poético. E depois não foi só isso. Podia não dizer nada, podia. Ficar a sorrir pelos olhos como antigamente. Mas e depois? Teria de ouvir o clássico comentário mesmo que subtil das rugas/gordura localizada/papos no pescoço ou ainda a insuportável (ana)(eno)logia “és como o vinho do porto”. E daí concentrei-me na montra, passaste e não me reconheceste. Estás com um ar estragado, embora mantenhas incólume o ar de deslumbramento miúdo enquanto te passeias. Confesso que o vidro da montra espelhava a rua que era uma maravilha. E a loja, a loja... era de artigos de casa de banho. Espero mesmo que não me tenhas visto.
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1 comentário:
Ao ler este post lembrei-me destesversos do "Grito de Alerta" - "Há um lado carente dizendo que sim/ e esta vida da gente gritando «NÂO!»"
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