quinta-feira, junho 23, 2005
O totalitarismo enquanto ficção da realidade
Não me parece muito produtiva, senão naquele enquadramento do post anterior, a associação da estética fascista à dos realitys shows. Há no entanto uma ambição totalitária no reality show que é inegável e que se estende tando no plano da emissão como da recepção. Os dispositivos tecnológicos não só vão no sentido de nos garantirem que temos acesso a todo o tempo de todos os participantes numa determinada experiência como tentam seduzir-nos a que os acompanhemos durante todo o nosso tempo. Alguém que se dedica a ver todos os momentos de um reality show que se oferece as vinte e quatro horas por dia estã tão aprisionado quanto os participantes. É isto, para o melhor e para o pior, a ambição totalitária do reality show.
As marcas que esta experiência traz são fortíssimas e aí devemos voltar à tese da nossa esplanada de ontem: concedemos cada vez maior importância a transações mediáticas que se baseiam numa atitude acrítica. Práticas rodeadas de opiniões, comentários, sondagens e votos mas que legitimando-se totalmente numa presença, num estar dentro, depreciam qualquer atitude crítica. .
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