quinta-feira, julho 21, 2005

Todas as estações menos uma

Amo a sensatez das mulheres de Maio. O longo perfume que se destapa dos sexos floridos das mulheres de Agosto. A altivez das nativas de Outubro. Amo demoradamente o que não sou capaz de entrever nas mulheres que chegaram em Janeiro. Por vezes fico calado, teso que nem uma pedra quando uma mulher que se assegura de Março me diz, és a primavera que me veio. E se uma fêmea de Abril me toca, desmereço-me, desfaço-me. Em água, em esperma, em fúria. Sou inequivocamente um homem devotado às mulheres que abriram os olhos em Dezembro. Nunca vi o mulherio de Junho e Julho senão junto, caminhando de braço de dado por um caminho de pedras soltas. Há mar em todas elas mas são as de Setembro que o possuiem em marés fortes, aladas, vivas; são elas o poema, a poesia infinda. E foi a de Fevereiro que me agarrou pelos cabelos e me atirou para o chão e me desfez a lingua no sal que ela tinha. Nunca soube, nem nunca lhe perguntei, se o sal era dela ou de alguma marinhagem que por dentro a navegara.

6 comentários:

camponesa pragmática disse...

Eu sou nativa de Outubro! Altivez, hm? :D Então a culpa é do mês? heheh (Cavaleiros Camponeses)

Philomela disse...

hummm... pelo que leio, em Outubro abundam as Anas... Mas altivas?!!! Só se for em cima dos saltos altos!

Elisa disse...

eu cheguei logo no início de Janeiro... estive a olhar atentamente para este post e... bom, é bonito... mas...?

Zu disse...

E Novembro? Falta Novembro!

Agradeço a minha cota-parte na devoção às nascidas em Dezembro ;)

Lyra disse...

As mulheres de Março são cheias de primavera disfarça de outono. Digo-te eu que sou de Março :)

mjm disse...

Ainda te dói o couro cabeludo? :)
Sorry