sexta-feira, julho 08, 2005
Tragédia do humano
Podemos até sentir a tendência para relativizar a tragédia que se viveu em Londres. Na barbaridade dos números de horror com que todos os dias convivemos, 38 mortos já é uma micro-tragédia. Às vezes olhamos em zapping para um atentado ou um ataque militar onde tombaram mais vidas humanas. Um fim de semana grande nas estradas portuguesas quase que anda lá. Setecentos feridos é muita coisa mas há que perceber que destes, os feridos realmente graves, são muito menos. O aperfeiçoamento dos cuidados de saúde faz com que uma escoriação possa levar dois ou três metros de gaze em volta da cabeça e aí, tudo parece mais dramático mas segundo os relatos, os feridos graves são muito menos. No entanto relativizar o horror por causa dos seus números faz parte da estratégia do terror. Não o devemos fazer. Estamos no interior da tragédia do humano. Não façamos da vida humana instrumento de precisão ideológico. As vidas que morreram não estão cá e fazem-nos falta.
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2 comentários:
O que penso, as pessoas não são números e cada vida é única, pese a banalidade e clarividência! da frase.
'Só 38 ou só 300?'
Ouvi de manhã um habitante de uma aldeias assoladas pelo fogo dizer a uma vizinha: 'Quero lá saber da casa quando há gente em perigo de vida! Mais vale perder as casas do q perder uma vida!'
"No entanto relativizar o horror por causa dos seus números faz parte da estratégia do terror. Não o devemos fazer. Estamos no interior da tragédia do humano. Não façamos da vida humana instrumento de precisão ideológico. As vidas que morreram não estão cá e fazem-nos falta."
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