terça-feira, setembro 13, 2005

Lingu' arejar

"Este legado de lugares-comuns, entre o detestável e o risível, faz-nos desejar que o século xxi nos ofereça outras imagens e se liberte daquela visão enlatada." A Leonor fala sobre este amontoado de lugares comuns, de mitemas, que se acoplam às imagens. Valere Novarina dizia isso em relação às palavras. Tanto nas imagens como nas palavras damo-nos conta de que o trabalho que nos é pedido é sobre a linguagem. A linguagem está ferida, está desvitalizada. Está cansada. O significando cansou-se de significar, de ser explorado, usado, abusado. O significante imaterializou-se. Já pouca matéria há para refrescar a palavra e todos sabemos que é o material que abre sulcos e sentido na palavra. A matéria que nos resta são palavras, letras. E o referente, esse perdeu-se nas auto-estradas sem fim do hipertexto. Mas não morre assim o linguarejar. Há um paradoxo novo: da mesma forma que se espera que seja a imagem, as novas, as velhas, as imagens de novo, que venham recuperar o lugar da imagem na comunicação humana, assim também será com palavras que refrescaremos a linguagem e o modo de nela comunicarmos. Falta-nos encontrar as palavras-silêncio. Não o silêncio entre palavras. As palavras-silêncio. Palavras que não possam ser pronunciadas sem um enorme silêncio escavado no seu interior.

2 comentários:

cbs disse...

"Palavras que não possam ser pronunciadas sem um enorme silêncio escavado no seu interior"

Interessante...
Vou pensar...

Anónimo disse...

desprezo