quarta-feira, novembro 23, 2005

Amoras silvestres

Desviei o pensamento como por vezes desvio o olhar. Olhei as amoras. Há trinta anos atrás, nos caminhos que iam dar às Portelinhas, em Caldelas. Depois pacotes e pacotes de açúcar, a calda a apurar, aquele cheiro a compota invadindo tudo, quem quer provar?, perguntava-se da cozinha, à vez, como quando rapávamos o alguidar da farinha dos bolos, eu, ou o Pedro ou o João lá íamos cumprir a nossa função de provadores oficiais do pequeno reino a que chamávamos família. Eu sei que penso nas amoras para não pensar nesta dor que me sobreveio mas não me importo. Sempre foi assim, o pensamento. Ou inadvertido ou imposto.

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