quarta-feira, novembro 23, 2005

Sei a cor do caminho nosso

Ele trazia um saco de lágrimas no bolso direito. Ela tinha a face macia, as maçãs do rosto meio denotadas meio escondidas, a tez um pouco escura. Podia-lhe ter dito que a tez escura lhe emprestava um ar triste mas não disse. Desde que a conhecera uma autêntica revolução desterrara as velhas teorias sobre o centro do universo, tudo, planetas, sóis, estrelas, os seus próprios dias, aquilo a que chamava a sua vida passada e futura se realinhavam em função dela. Por isso disse-lhe, a tristeza é da cor da tua pele. E começou uma a uma a tirar as lágrimas coloridas que tinha dentro do saco e a colá-las na sua face, no seu rosto. Depois apagou todas as luzes que o mundo tem e na escuridão mais absoluta deixou-se guiar por aqueles cristais luminosos, resplandecentes.

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