sábado, novembro 26, 2005
Branca
Nunca tinha provado neve, pensou em voz baixa à medida que a escuridão húmida penetrava nos ossos por entre as brechas de roupa.
Longe de casa, a noite ocupava a maior parte do dia e a percepção mais comum era de que o tempo não passava, não porque custasse a passar, mas sim porquanto as palavras que se diziam ficavam no ar como ecos suspensos e os risos entre pessoas que pouco sorriam e nunca se riam se afiguravam eternos.
Faziam comichão no nariz e balançavam nas pestanas incautas alguns farrapos.
Nunca tinha provado neve nem frio nem pessoas com quem não era possível comunicar.
As duas amigas pareciam meninas pequenas a chapinhar no branco de nuvem enquanto a neve ainda estava quente.
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
2 comentários:
Excelente o modo como escreves.
É como se as palavras deslizassem sozinhas na neve.
Beijokas, Betty
É bom saber que aí, onde estás, cheia de estimulos e de coisas a acontecerem, continuas a respirar o mesmo ar, a contar-nos...abraço
Enviar um comentário