quarta-feira, novembro 16, 2005

Eleições

O Eduardo vituperou-me a incoerência por estar cada vez menos triste. Eu creio que no meu post "Por Soares, Contra Sócrates", a ironia era bem visivel. Soares nunca foi o meu candidato, nunca poderia ser. Tenho convicções políticas muito frágeis, sou um catavento permeável ao argumento político - reflexo ainda dos meus tempos de jovem no PREC onde em cada semana mudava de partido - mas tenho convicções éticas muito fortes. Muito mais profundas. E um homem que defendeu o seu mal estar pelo incómodo de Leonor Beleza no caso dos hemofílicos numa cerimónia de notáveis onde só faltou o pundanor e a decência, não pode nunca mais contar com o meu entusiasmo. Com a minha alegria. Mesmo que lhe venha admirando a combatividade, a energia. E que acredite que se for eleito irá mesmo inovar e que isso será bom para Portugal e para os Portugueses.

3 comentários:

Eduardo Graça disse...

Não vituperei nada. Cada é livre de apoiar e votar conforme a sua consciência e o lastro de onde elas nascem. Nada de mais. Mas devo confessar que acho triste - e me irrita - a utilização da palavra alegre para nomear o sentimento que se sente pela candidatura de Manuel Alegre e as ironias que vejo passar em alguns blogues acerca da divisão da esquerda. Claro considerando que muitos dos não apoiantes de Soares considerem este de esquerda. Mais vale afirmar com frontalidade que se apoia Manuel Alegre e retirar daí as devidas consequências. De resto "a vida continua"...

JPN disse...

Obrigaste-me a ir ao dicionário. E diante do significado de vituperar dei-te toda a razão. Quando a escrevi parecia-me que era coisa mais branda, um responso, quase cantiga de amigo. Desculpa. Quanto a Soares e Alegre, eu tenho dito com a frontalidade que conheço que não penso serem boas candidaturas. Só que não estou preparado para me abster numa eleição em que ainda por cima Cavaco pode vir a ser eleito. E por isso tenho estado atento e receptivo às únicas duas candidaturas que existem, fora a de Cavaco (Jerónimo e Louçã não contam, para mim). A campanha eleitoral que aí vem, principalmente numa eleição que escapa à lógica partidária, deve servir para um esclarecimento adicional. De Soares e Cavaco acho que conheço de mais, de Alegre de menos. Sei que é poeta, e gostava de ter um presidente que nos falasse com voz de bardo. Mas isso não chega. A última atitude de Alegre no Parlamento parece-me pouco própria ainda por cima porque perfeitamente evitável. As suspensões dos mandatos existem para estes casos. Gostava, Eduardo. Gostava de ter essa tua clareza e essa determinação. Gostava mesmo. Um abraço amigo.

folhasdemim disse...

Pois eu sinto-me triste por serem estas as nossas opcções. Precisamos de mudança mas sem líderes é difícil...