sexta-feira, novembro 11, 2005

O negócio do medo

"Que queira [Pacheco Pereira] mais Sarkozy eis o que é preocupante. Diz que “estamos velhos e que temos medo”. Mas não acreditem. Nem ele está velho, nem tem medo, nem nós somos o nós de Pacheco. Ele não tem medo. Quer que tenhamos medo para substituir a análise sociológica pelo apelo irracional à lei e à ordem, a forma mais clássica de ocultar a injustiça económica. Quer que tenhamos medo para aprovar mais leis que excluam, para que ardam mais carros, para que haja mais gente no partido do medo, para os negócios continuarem a prosperar." Pelo Luís.

4 comentários:

cbs disse...

Lamento dizer,mas vejo quase tudo do avesso.
Quais são as tais leis que excluem?
só pra saber,... o véu? e a exclusão em França é fruto de leis? ou da própria população?

O que é a injustiça? e injustiça económica? a China a exportar o produto de semi-escravos, para nós comprarmos?
E onde é que se chocam ou cruzam os caminhos da Sociologia e do Direito?
O Direito para ser legítimado tem de estar apoiado nos cidadãos;
mas isso chega para ser racional? Felgueiras é racional?
E a racionalidade garante o Bem Comum? a racionalidade económica não me parece...

Olha Jpn, se continuarmos a inventar, prá esquerda e prá direita, pelas laterais e pla frente, com mitos e preconceitos (e não nego que os tenho) um dia destes a única via acaba mesmo por ser a do Medo (aind por cima legitimada pela maioria)

Vejo hoje a ascensão do terror, como vi ontem a dos fascismos.
Não esqueçamos que o primeiro bem da pirãmide é a comida, mas o segundo é a segurança;
e nós não estamos a discutir "auto estima"? o topo quando falta cada vez mais na base.

um abraço dorido

cbs disse...

Também tu me poupas?
:)

JPN disse...

o negócio do medo existe, cbs. Le Pen hoje diante do Louvre vai montar uma tenda para o vender em diversos formatos. O formato tablóide. O formato ódio. O formato retórica da exclusão.
podemos ter dúvidas sobre tudo isso. mas se perdermos a capacidade de recusar e "rechassar" o negócio do medo estamos a abrir a porta à irracionalidade. e se tudo podemos conjecturar sobre a eficácia da racionalidade nada podemos pensar sobre o resultado do advento da irracionalidade como traço marcante na relação entre pessoas, comunidades. infelizmente sobre isso há certezas de mais, como tu dizes, para quem, justamente, o terror e o nazismo são sombras da nossa civilização. há algo sobre o qual deveríamos reflectir com alguma teimosia: o contrário de razão não é a irracionalidade mas a falta de razão. A irracionalidade é uma racionalidade outra, mais domesticável e permeável à manipulação por outras estratégias discursivas. O discurso da irracionalidade é de uma racionalidade fria, gélida, cortante.

cbs disse...

Aceito o que dizes.

Mas o negócio existe porque o medo tá lá, existe.
E o unico remédio que conhecemos é sempre criar segurança para a liberdade ser possivel;
se não criarmos o estado, se não criarmos a segurança, acabamos sem liberdade.
Ao contrário do que poderia parecer, o bom selvagem não era livre, Jpn

Porque o medo existe.
Mas a segurança não pode esmagar a liberdade e aí é que tá o nó da coisa.