segunda-feira, dezembro 12, 2005

Editar a luz da minha rua

Eu esperava que amanhã, pela manhã, pegasse no meu jornal obrigatório e pudesse ver o mundo a girar ao contrário. No teatro é assim. Um dia a representação chega ao fim e o actor tramudeia a voz na contracena. Ninguém repara, só o actor que está diante dele. Mas basta. É um apontamento. Virar o mundo de pernas para o ar para dizer adeus também me parece exagero. É claro que todos nós esperamos por dias celtas. É claro que todos nós fazemos figas para que ela vire a sua vida de pernas para o ar pelo simples prazer de andar de pernas para o ar. Somos companheiros de estrada, de vida, de estrado com passes de alma. Eu gostaria de ter a convicção de que amanhã o mundo vai girar de modo diferente. Não vai. A única coisa que tenho por certo é que amanhã vai haver mais sol na minha rua. Vai haver mais luz do dia.

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