sábado, dezembro 17, 2005

Estar lá

Ontem passei na Guilherme Cossoul. Havia concerto do João Gil. Cheguei tarde, tinha ficado a trabalhar até desoras, a noite. Ainda a tempo para uma conversa sobre blogues. João Gil está entusiasmado por pertencer a esta nova comunidade. A Isabel estava mais céptica. Ainda opunha a questão da presença à da ausência. E eu, que já não tenho fervor blogueiro, aquele fervor de que quando comecei ainda continuo a dizer: é importante ocupar a blogosfera. Há qualquer coisa de radicalmente novo na expressão que cada um faz de cada um aqui. Há uma delicadeza de quem se descobre aqui, num tempo que quase se inventa em simultâneo com o do outro. É uma ficção, claro. O primeiro post deste blogue, já lá vão milhares, dizia isso mesmo, não podemos ser contemporâneos, apenas respirar o mesmo ar. É uma ficção, mas olha, o que não é ficção na nossa vida? Houve uma coisa em que ambos comungámos, eu e o João Gil. A necessidade de estarmos presentes. Independentemente dos nomes que cada um carrega, das histórias, há aqui um momento de irrecusável sentido: o das coisas que dizemos, escrevendo. Podemos pensar que somos uma caixa de truques, truques de expressão. Podemos pensar também, que escrevendo descobrimos algo que não sabiamos. E descobrimos em directo. On line. Há um fascínio por esta metamorfose em presença, em comum com o outro. Tu.

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