quinta-feira, dezembro 15, 2005

tookie@tookie.com

É estranho passar por aqui. Escrever-lhe. Como escreveu Nuno Pacheco ontem no Público, quem é que foi executado anteontem, em San Quentin? O homem condenado ou o activista pela paz? Não sejamos moralistas. Não há nenhuma moralidade nisto. O sistema é frio, como esta nortada gélida. A morte de Stanley Tookie Williams é apenas a demonstração mais dura e cruel de que o sistema penal não tem por vocação acreditar na reabilitação que promove. E que sem essa dimensão expiatória que tantas vezes, como agora, soa a vingança, perde muito do seu significado. Podermos construir todas as San Quentins que quisermos que não iludimos a questão chave: a grande prisão, a nossa grande prisão é o mundo de ressentimento do qual não nos conseguimos libertar, mesmo quando sonhamos com um mundo melhor. Somos reféns dessa ferida, dessa dor, que tira a humanidade do homem e da mulher. O mundo, o nosso mundo, é uma prisão. O drama é que não podemos, ninguém pode assegurar que haja outro para deste nos libertarmos.

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