domingo, janeiro 22, 2006

Mamã, de onde vem o cansaço?

Não quero saber de onde vem o Pai Natal. Nem o menino Jesus. Nem mesmo a combinação mística do Euromilhões. Quero saber que incansáveis duendes fabricam este cansaço que se nos cola à pele ao longo dos dias mal passados, das noites bem dormidas, das horas de vigília. Imagino-os a trabalhar dentro do nosso corpo, duendes entre os duendes, sentados no coração, a dar nós de marinheiro nas veias, a espetar pequenos alfinetes vodu no fígado. A ensaiar uma fanfarra nas trompas de falópio, a espremer o hipotálomo como se fosse um ponto negro. Às vezes, olhando os olhos que me miram no espelho, quase que juraria ver o aceno de uma pequena, infíma mãozinha. A contaminação pode ser feita por uma transfusão de vida incompatível, mas também se pode resumir ao crescimento anómalo de certas células. Mais do que um tumor, um temor. De quê?

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