quarta-feira, janeiro 11, 2006

Pago e saio

Caem palavras pelos cantos da boca Que contrastam com o tampo da mesa Do café onde estou sentada para mim mesma, não há ali ninguém que me conheça Por ventura é de vidro E vejo o meus pés do meu ponto de observação sossega-me ver os pés E as notícias correm no mundo Não confio nelas porque não podem estar em todo o lado Só os pensamentos podem
e a ignorância e as pessoas que falam alto também podem - então e os desertos urbanos que descolorados pelo
fumo pardo rejeitado
pelos escapes
conseguem, pela negligência, a omnipresença da culpa
estar em todo o lado onde estão pessoas com fome e
mulheres sem clitóris -
Os jornais poluem os dedos com aquela tinta As fotografias dos jornais são a preto e branco é maldade mostrarem os políticos sem rosetas O café está frio, esqueci-me dele Estou à espera de alguém que eu não quero que chegue Não gosto da música ambiente, faz lembrar um pace-maker avariado Dobro o jornal no colo e adormeço até que o empregado me toque no ombro e diga “Desculpe, mas estamos fechados.” "Estamos pois" é o que lhe replico.

1 comentário:

JPN disse...

estamos nada. estamos sempre abertos. mesmo quando fechamos, abrimos algo. abraço