quarta-feira, janeiro 11, 2006
despejo
peço
sim
que me deixes
já me deixaste
amanhã de manhã
não te vi
não te quero ver ao pequeno-almoço
se estou zangada? zangada?
mas como? aborrecida com a tua pessoa?
as lágrimas azuis caíram todas para dentro
hoje sou um copo de água
como podia estar zangada depois de as tuas roupas
não cheirarem a nada?
não cheiram a nada
como louca revolvi a caixa de roupa suja
e nada
a nada
nem a espaço
nem a vento
água da chuva
não cheiram
não cheiravam
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2 comentários:
Sabes achei graça a isto, por isso em resposta à tua divagação, eis a minha nascida hoje fortuitamente na diária viagem de metropolitano. Hoje, todavia, não me apetecia saír, como todos os dias na estação do Marquês de Pombal mas antes em Staromestska, passear no frio húmido das margens do Vltava e repousar num café quente, na ilha de Kampa, a conversar com o meu amigo Alexander. Pois é para além de divagar sobre o teu poema, como descobri que andas por essas paragens, agora deu-me a saúdade da minha estada aí.
Mas agora, juro, apresento a minha divagação:
Como poderia
alguma vez ter partido
Se aqui nunca estive.
Fui talvez uma ideia
um pensamento fátuo,
uma criação tua
em noites opacas de cristal
noites alucinadas
absolutas negras noites sem sonhos.
Nunca serei uma memória
recuso-me a tal,
renego-me a ficar em baús,
caixas ou o que for,
fechado na espera de um capricho
num egoísmo que abra o tempo
e me olhe,
como se fora selo de colecção,
misturado por entre outras memórias
de que não faço parte,
desconhecido.
Serei sim o vento
ou a fúria da tempestade
o raio
ou furacão,
talvez a brisa
talvez uma lágrima de azul
perdido na tristeza de um olhar.
Repousarei da eterna viagem,
do dia que em ti parti,
em sal doce
nos lábios entreabertos
rasgados num sorriso de tempo
de uma imagem que ficou.
para que não haja confusões: a referência a "noites de cristal", no poema, nada tem a ver com esse acontecimento infame e vergonhoso ocorrido na noite de 10 para 11 de Novembro de 1938 e executado pelas tropas nazis.
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