sexta-feira, fevereiro 17, 2006

Descarrilamento

Ontem, ali ao fim da linha da Rua da Voz do Operário um 28 cansou-se deste carreirrinho inimaginável de vezes e revezes de que é feita a vida de um eléctrico. Não sei se o Miguel conseguiu a chapa, se assim foi faremos a notícia juntos. Até lá fico com a imagem daquele eléctrico encostado ao prédio. Eu não sei se foi descarrilamento. Para além do susto dos passageiros não sei ainda, sabe-lo-ei alguma vez?, se foi descarrilamento. Pode ter sido amor, afecto, necessidade de ternura. Uma simples inclinação. E não precisa o eléctrico de ser macho e a casa de ser fêmea. O género é displicente para explicar a natureza de uma inclinação. A questão que me ocupa é outra: quantas vezes passou aquele eléctrico junto do prédio sem conseguir tocar o suficiente para acariciar a sua melena de ferro forjado na face de alvenaria daquela varanda atrevida?

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