terça-feira, abril 11, 2006
Quem fala por último ouve-se melhor
A entrevista de Carlos Fragateiro e José Manuel Castanheira ao Pedro Dias de Almeida, da Visão acaba por se tornar um documento importante. Depois do ruído, das procissões, das velinhas, da contestação, o desvendar do projecto, das intenções. Nota alta para o assumir de um confronto ideológico, político. Se conheço alguma coisa daquela dupla, é aí que o projecto deles poderá ser uma esperança não só para o D. Maria II, também por rasto de influência, para a actividade teatral. Nota menos para algumas equimoses desnecessárias com o Coitado do Jorge.
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8 comentários:
não bajules, pá...
Tu e o Fragateiro são realmente de uma geração muito engraçada, Rui. Eu é que cada vez acho menos piada aos vossos achaques mútuos. O mundo é mundo ainda depois de se terem acabado os vossos ódios de estimação, pá...
Nada me move contra o Fragateiro. O que me move é não me identificar com os "lambe-botas" portugueses. Uma questão de higiene mental. Como penso que mereces respeito, acho que te deves fazer respeitar. Chama-se a isso, "espinha dorsal". Coisa que poucos portugueses têm...
Tens toda a razão, tenho-me como merecedor de respeito. E se leres novamente a entrevista percebes que foste precipitado. É raro aquele nível de conflitualidade politica e ideológica. És capaz de a encontrar com frequência noutras situações na cultura? Além do mais não assumindo a bajulação nem entendendo onde ela possa estar assumo o elogio à forma como a entrevista foi feita. E tenho o grande prazer de ser muito amigo do jornalista que a fez.
OK, vou ler a entrevista. Para que fique claro:
Continuo a considerar que o Fragateiro não tem perfil para aquele cargo. Que só lá chegou porque é do PS. Que nunca devia ter aceite a nomeação, depois da entrevista onde dizia que punha o lugar dele (no Trindade) à disposição e onde desafiava os outros directores a fazerem o mesmo...
Chama-se a isto, coerência, que é uma coisa que os "gajos" do PS não têm, como nós sabemos...ou não?
Tu sabes muito bem que a coerência não tem nada a ver com o partido onde se alinha, mais com a predisposição para assumir a luta (e conservação) do poder a todo o custo. somos todos bons rapazes mas como temos uma grande auto-complacência pelos nossos actos e um férreo desmontar crítico dos alheios, achamos-nos sempre imunes à erosão do exercício do poder. E isso é transversal a toda a acção humana, meu caro.
Exactamente. O oportunismo do Carlos Fragateiro não tem (necessariamente) nada a ver com um partido (neste caso o dele) que clama alto e bom som a sua "ética republicana".
O relativismo ideológico (que também pode ser uma ideologia) dá sempre para justificar qualquer posição e o seu contrário...
P.S. Afinal já não consegui comprar a Visão da semana passada...Lá terei de ir à caça com a minha rede (net).
Li a entrevista. Não vejo lá nenhum alto nível de conflito ideológico ou cultural. Um enunciar vago de actividades a curto prazo (autores portugueses clássicos, um festival internacional, a livraria aberta, um café e um orçamento que se quer controlado). Mas não é isto o que devemos exigir? Ou o nosso sentido crítico é tão baixo que já nos contentamos com retórica de marketing? A melhor é o CF ter prescindido do ordenado no TT. Mas não é isso que se espera?...
Como dizia o Moretti (no filme "April"): "diz alguma coisa de esquerda, ao menos uma coisa de esquerda..."
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