quinta-feira, maio 04, 2006
A doença é a antecâmara da morte
Não o é, claro, como me dizia ontem um dos alunos, pode ser a antecâmara da vida. No entanto cultivamos este terror diante da doença. E muitas vezes penso se este tempo de suspensão da vida em que fácilmente se torna o tempo hospitalar não é o que permite também que o doente seja também uma pessoa em estado de temporária suspensão das suas condições de gente. Não falo do afecto e da sensibilidade do pessoal dos serviços médicos. Falo de uma questão ideológica que antecede tudo isso. O de que é suposto que uma determinada pessoa suspenda algumas condições básicas de cidadania , como a sua identidade, os seus pertences, a sua roupa.
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2 comentários:
Concordo.
Passamos a ser um número: "o doente da cama 12".
Devido a uma hospitalização recente, senti-me despida de tudo... não tinha nada a que me agarrar... o meu eu tinha desaparecido.
fiquei nas mãos de profissionais ou fantásticos ou maus na sua conduta. foi a assimetria total.
lembro-me de ter ido para a cirurgia com medo que as minhas coisas (carteira e telelés) tomassem chá de sumisso. é q a chave é a mesma para odos os cacifos...
deplorável...
confirmo: sem privacidade, sem identidade, por vezes sequer sem dignidade. mas não tem de ser assim.
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