quarta-feira, junho 07, 2006
Mi cago en Dios
Ontem, depois da estreia de Mi Cago em Dios, do Inigo Ramirez de Haro, o insólito aconteceu. Uma mulher, com um boneco ao colo e um pau numa mão, entrou na Sala do Teatro Bar da Comuna perguntando em bom português:
- Onde está o cagador?
Numa casa de Teatro a primeira reacção foi de, isto é uma performance. Mas porque a estranha personagem insistia que queria ver o espanhol que tinha vindo cagar para a nossa terra, facilmente nos apercebemos que aquilo era uma manifestação de desagrado pela representação da peça.
A mulher fazia-se acompanhar de um boneco, com uma tarja utilizada pela Polícia Municipal para vedar acessos. Ao fundo, junto do balcão, Inigo, sorria.
A mulher não estava especialmente inspirada mas também parecia não se importar muito com isso. Estava ali para desafiar Inigo, queria enfrentá-lo e mesmo que todos se aprestassem para sair, ela insistia em ficar. Alguém da casa chamou a Polícia. Não que fosse necessário, a mulher era pacífica na atitude, a sua violência era apenas verbal. E acolheu as orientações do Director da Cassefaz que a mandou reparar algo que estragara, o que fez não sem antes ter feito um número de circo.
Com ela vinha aliás uma amiga, que tinha vindo "apoiar" logisticamente a performance contestatária.
A Polícia, que trouxe um contingente elevado em relação à ocorrência, foi de um atitude irrepreensível. Não só no trato com a mulher como com Inigo que manifestou desinteresse em apresentar uma queixa.
E no final a contestatária ainda posou para as máquinas fotográficas dos telemóveis. A reportagem possível.
No fim tudo acabou bem. A Polícia levou a contestatária e a amiga, e nós fomos finalmente às copas. Portugal, país de brandos costumes. Longe talvez vá o tempo do Je Vous Salue Marie.
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