domingo, julho 23, 2006

Estamos à vossa espera

Tenho andado com alguma militante atenção pela caixa de comentários do Mal (Luís Januário), da Terceira Noite (Rui Bebiano) ou do Kontratempos (Tiago Barbosa Ribeiro), a deixar o meu espanto pela focalização naquilo a que o Luís, da Natureza, chamou "a crítica "às posições mecânicas da esquerda ocidental" e a lembrar que o que se passa no Médio Oriente não é uma guerra entre esquerda e direita. Nunca foi mas é-o ainda menos. Por isso mesmo espero que os meus breves e longos amigos da blogosfera, percebam que os discursos de uma esquerda jurássica e incapaz de se reposiocionar em relação ao Médio Oriente só já interessam aos teóricos conservadores e neoconservadores que necessitam desse antagonismo para justificarem o seu próprio maniqueísmo e facciocismo. Todos são poucos para a mãe de todos os combates: defender aqueles a quem a lógica totalitária da militarização do mundo atira, sem direito de opção, para um dos lados do conflito.

3 comentários:

Anónimo disse...

Inteiramente de acordo. Escolher um dos terrorismos (o dos que não têm estado ou dos que o têm) é cair na tentação maniqueísta que só interessa aos actuais "blocos" (algo diferentes dos "antigos", como sabemos).
Parafraseando a célebre frase de Hollywood: "uma bomba, é uma bomba, é uma bomba".
Fim à(s) guerra (s) é a única posição que interessa às vítimas.

apicultor disse...

De acordo. Mas é enervante constatar que está subjacente ao que se vê nas tv's, a ideia que pareçe haver uns mortos bons e outros menos bons. Quantos libaneses terão que morrer para contarem tanto como os israelitas mortos? Pareçe haver vários tipos de vitimas...

Anónimo disse...

É uma velha questão, na verdade. Não há muito tempo ainda, o director da AMI chamava exactamente a atenção para esse facto: no Ocidente, sabemos exactamente quem morreu, a sua idade e o "rank" militar que ocupava; as vítimas do outro lado, são sempre (centenas) de anónimos.
Desde o início da invasão do Iraque que o New York Times inclui uma secção de necrologia com as vítimas americanas do conflito. Hoje, sabemos exactamente quem morreu, onde e porquê (cerca de 2600 soldados). Estima-se que terá havido mais de 100.000 vítimas iraquianas. Estima-se...

RM