sexta-feira, julho 07, 2006

Eu sou Gisberta

Já escrevi aqui, uma desconvicção profunda da bondade, seriedade e coerência do sistema prisional, ele mesmo, fazem com que, presumivelmente, nunca me ouvirão reclamar do encarceramento de alguém para cumprimento de uma pena. O que não posso aceitar é a injustiça. Uma sociedade que perde a capacidade de identificar para si o que é justo e injusto perde a capacidade de sobreviver. Saiba o Ministério Público de que Gisberta não era apenas uma não pessoa, como pretendem deixar fazer crer. Gisberta somos todos nós.
Eu sou Gisberta.

7 comentários:

Anónimo disse...

Eu também sou Gisberta e Samantha, e Laydi e todas aquelas/aquelos que continuam a ser discriminadas/os por não estarem dentro desta forma heterosexual em que nos moldam desde que nascemos, em nome de uma familia cada vez mais desfuncional e desadaptada.

E ao mesmo tempo também me sinto aqueles putos que ali estão à mercê dos seus esteorótipos transformados em ódio e violência, sem saberem quem são.

JPN disse...

não sei se consigo sentir-me um deles. claro que, em tese, conseguiria. pelo pensamento devo tentar entender e em mim o entendimento passa também por esta análise activa de me colocar na pele do outro. claro que, em tese, conseguiria. Os comportamentos em grupo. os estereotipos, o marialvismo. A Homofobia. Etc, etc. É aliás assim que se tenta suavizar a acusação, tentando que cada um possa sentir-se na pele de um destes putos. No entanto sinto que a única coisa que podemos dar a estes miúdos é a nossa incapacidade de sentirmos o que eles fizeram. Como se lhes dissessemos que foram tão longe na sua desumanidade que é impossível colocarmo-nos nos seus lugares.

zazie disse...

é nestas pequenas coisas que estou contigo. São tão pequenas mas tão importantes. E é sempre tão fácil cair no proselitismo das causas e mandar putos para a cadeia.

zazie disse...

"Como se lhes dissessemos que foram tão longe na sua desumanidade que é impossível colocarmo-nos nos seus lugares."

está aqui tudo dito. O resto é crueldade que não se encerra em etiquetas por muito que agradem aos que precisam de mártires para as justificar

Anónimo disse...

identifico-me com a tua frase mas há outra que não me sai da cabeça: "do rio que tudo arrasta dizem violento, mas quem achará violentas as margens que o comprimem?" brecht

de qualquer forma estou de acordo que um caso desumano como este não pode passar impune, apesar de que esses putos respiram outros ares

Amélia disse...

...eu também sou Gisberta e todas as vítimas deste mundo - as mulheres, os homens, os meninos vítimas de qualquer tipo de violência. E sinto vergonha da justiça portuguesa.

Luís disse...

Sim Joaqim.