quinta-feira, setembro 14, 2006

Happy End

Creio que cada um de vós passou pelo mesmo drama que eu: temi que a descrença do sentido da vida me atirasse para um caos ético ruinoso da minha identidade, da minha história. Ou seja, temía que se não houvesse algo que fosse capaz de ser uma explicação satisfatória para justificar a minha presença errática neste mundo, me pudesse tornar num monstro transtornado, em besta desfigurada, em criatura. Foi assim que fui estancando todas as perdas de fé. Havia sempre um reduto, um último reduto para que uma espiritualidade insatisfeita e insubmissa pudesse ainda esperar o melhor de si mesma. Não haverá provavelmente maior sofrimento do que esse, a descrença de um em si próprio. Até que um dia até esse último reduto perdi. E é aí que me apercebi de que essa espiritualidade desavinda com todas as suas expectativas tem um happy end: afinal, a ética pode ser uma finalidade autónoma, um sentido para a vida.
Ao contrário do que as religiões ensinam e apregoam.

1 comentário:

Carpinteiro disse...

'a ética pode ser uma finalidade autónoma, um sentido para a vida'

Leste Peter Singer? É um autor interessante: fala de ética e globalização em 'one world' e suponho que numa perspectiva mais individual em 'writings on ethics'.

Abraço