sábado, setembro 23, 2006
O que move o desamante
Nunca seremos suficientemente justos com um amor do qual deserdámos. Há qualquer coisa de morte num espirito que se extinguiu para o amor ou que viu assim o amor, esvanecer-se. Que justiça, que bondade, poderá haver nesse destroçar de alma?
Nenhuma. O desamante mune-se de solidão, de inaudita solidão antes de ir para onde nunca se vai. Não há nenhuma heroicidade nele. Nem espere nenhuma compreensão. Nem de si mesmo. Ninguém gosta de se reconhecer na cobardia, no arrenego. O desamante é um ser profundamente zangado consigo próprio.
Nada a dizer. Pode-se talvez acrescentar: o que move o desamante é o mesmo tecer que o empurrou para essa armadilha que agora desmonta. Não é muito. Não é pouco. Nem basta. Talvez seja uma verdade. Quando estiveres com os olhos feridos de tanto não-ver, lembra-te disso: o que move o desamante é o amor.
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