quarta-feira, setembro 06, 2006

Poema devagar

Ir não tem sacos de viagem nem malas, malões, portes alfandegários.
Nem tem dor.
Nem cais, nem fotos, nem raiva.
Não. Raiva tem.
Não tem irmãos, nem mãe, nem pai. Não tem família, ir.
Ir não tem memória nem projectos. Ir não tem. É quanto muito. Ir, é.
Ir não tem fotos, mini dv cam, retratos, polaroids, imagens. Não é um filme. Por mais cinematográfico que o real te apareça, ir não é um filme.
Quem nunca foi pode falar de ir. A supermacia moral da civilização do ir é que pode ser citada, falada pelos seus bárbaros.
Ir tem pressa. Não tem chegar, tem pressa. Ir pode ser em qualquer lado.
É o espirito aventureiro que faz a viagem não o contrário.
Ir tem ir.

1 comentário:

Anónimo disse...

"Devagar"

O passo lento e os braços soltos.
Um ombro e depois outro.
Moves-te devagar,
Com a calma que te pesa.