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Talvez Portugal tenha verdadeiramente nascido enquanto país quando Lisboa, esta princesa árabe, se juntou ao condado. Não é isto que eu quero dizer. O que me passou pela cabeça é que aquilo a que chamamos identidade nacional teve aqui o seu momento decisivo, nesta cidade virada a sul, deitada a admirar o rio, escavada pelo ziguezaguear da serpente. Lisboa é uma cidade redobradamente importante hoje quando tanto se fala da rua árabe. Porque quando Afonso Henriques tomou a cidade e os seus homens mataram, violaram, chacinaram mais do que pessoas, um modo de vida, o nosso primeiro rei, sem o saber, estendeu também aquela que viria a ser a nossa maldição: defendermos a vida, a poesia e a paz. A convivência entre culturas.