Havia um sabor vago a sangue. Nas nossas bocas.
Um selo da união dos nossos corpos, um prenúncio da fugacidade dos nossos encontros ou eu que mordi o lábio?
Um sabor férreo impossível de esquecer.
Comentaste o facto. E, sem me debruçar muito no que terias querido dizer com isso, tive a certeza que o sangue escorria dos nossos pensamentos, ensopava a roupa da cama e tornava trágica a nudez que despíamos.
"Estás aqui.". Ter-te-ei dito.
Odiei-me logo pela abstracção lírica.
Depois porque parecia que te conhecia, embora soubesse que não.
Para te fugir, fingi-me silenciosa. Para te perder. De propósito.
Tínhamo-nos esvaído em sangue, afinal. Era daí que vinha o travo.
Pouco ou nada mais tínhamos a perder.
Nesse jogo de azar, a última coisa orgânica que deixei cair foi a possibilidade de (te) amar.
O cumprimento das leis da natureza é o alívio das almas. Toda a cobra que perde a pele, traz uma nova por baixo.
1 comentário:
o sabor a ferro do sangue, não é nunca suficiente o sangue que derramamos e depois parece que não sabemos fazer melhor, ou mais.
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