segunda-feira, janeiro 22, 2007

Na hora das tribos

O caso de Torres Novas fez-me mal. Tento perceber porquê. Desde o primeiro momento que aquilo me pareceu outra coisa do que o que lia nas páginas dos jornais. Depois vi o comércio das notícias e fiquei ainda mais triste. Alguns daqueles que escreviam, que levantavam os microfones para as Aididas, os Baltazares, o jurista do "Habbeas Corpus", tinham andado comigo na escola das notícias e eu sentia-me constrangido por eles. É verdade também que vivemos num tempo em que devido à forte mediatização não temos outro caminho: a informação é o veneno e o antídoto. É com palavras que promovemos a demagogia populista e a mentira, e é com palavras que instigamos a consciência crítica. Temos e devemos falar. Por isso ninguém pode passar. Poderemos guardar algum silêncio. Tentarmos perceber a natureza e a tendência daquilo que nos ocorre. Mas temos e devemos falar. Percebi isso quando vi o Adufe. O acordão de Torres Novas - e também a forma como foi deturpado - é uma boa base para que a opinião pública se constitua de novo em torno da verdade (ainda hoje, no táxi, li um advogado do consultório jurídico do 24 horas dizer que, tendo a criança cinco anos, não era uma inevitabilidade a entrega do poder paternal ao pai. E eu pergunto-me, como é que é possível isto num homem que está ali porque se especializou em leis e mais do que isso, porque o jornal lhe paga nessa qualidade? Não sabe ele que todos nós já sabemos que a base na qual ele formula o seu juízo é falsa?). Não podemos e não devemos passar. Pelo menos aqui na blogosfera. Não se trata de nenhum posicionamento pró-pai biológico ou pró casal adoptante, como ouvi já por aí. Trata-se de reafirmarmos a nossa pertença a uma comunidade que se revê na ideia de que a melhor informação favorece a actividade crítica. E que, aqui, é esta ideia que deve regular a constituição de tribos. E não o contrário.

1 comentário:

Ana Saraiva disse...

A posse, o querer e o direito... Não é fácil.