quinta-feira, janeiro 18, 2007

Se falássemos com as mesmas palavras entendermo-nos-íamos?

O Luís, para além de todas as suas qualidades de blogger e de pessoa, é um especialista, não só do tema, também do cuidar, e eu não me atrevo a contradizê-lo. Vou por isso, em contramão ao meu sentimento identitário de neto de um carpinteiro e esquecendo-me também do que aprendi na pequena vila de Mafra sobre a capacidade de dar dos pais militares que conheci, calar-me. Vou também esquecer os meus anjos de asas cortadas, como dizia a M., que também os tive nos bairros da má sorte por onde andei. Nada disso interessa. Temos histórias a mais na cabeça. Faltam-nos protagonistas. Lavo aqui as minhas mãos. Ou perfilho Abelaira, que escreveu um dia na água que pagava os seus impostos para que alguém fizesse por ele aquilo que ele nunca se atreveria: julgar o seu semelhante. A partir de agora a Esmeralda corre por vossa conta. E pela mão dos especialistas, dos opinions makers, dos bastonários e dos periódicos. Do carpinteiro. Da brasileira. Do militar. Mas ao fechar a porta, uma leve dúvida me assoma a cara: se dois anos não fossem dezassete meses, termo-nos-íamos entendido?
[Actualização: Afinal a minha participação nesta discussão terminou aqui.]

2 comentários:

Anónimo disse...

1º - uma mulher engravida de um carpinteiro subsidio-dependente (o espirito santo estava ausente e o referendo estava em banho-maria).
2º - Desta vez o carpinteiro não esteve pelo ajuste de reconhecer como filho quem não vinha com certificado de garantia de origem. E também não procurou saber mais.
3º - Porque será que a mulher ao fazer o registo da criança não indicou o pai da criança dando assim origem a uma verificação de paternidade???
4º - 3 meses depois, para "bem" da criança, entrega-a a um casal desejoso de ter filhos sem o poder.A acompanhar, uma declaração que permitiria uma adopção mas que em si não tem valor legal.
5º - Inexplicavelmente o tempo passa sem que os "pais de acolhimento" diligenciem no sentido da efectiva adopção da criança. Não há pedido de confiança judicial, tutela ou de adopção.
6º - A criança já anda e fala. Inicia-se o processo de adopção. Primeiro com o pedido de "confiança judicial"... e para tal é determinada a averiguação de paternidade.
7º - É então que se dá o "Alto e pára o Baile" - "a filha é minha, tem certificado de garantia e eu quero-a".
8º - Perante um pai biológico que diz "eu quero-a" (mesmo que depois a despeje numa instituição) não há adopção.
9º - a Lei MANDA - entregue-se a criança.
10º - Os "pais de acolhimento" decidem de outra forma, e a revelia da Lei, colocam a criança em paradeiro incerto.
11º - Fazer desaparecer uma criança que não é legalmente nossa é crime - Sequestro = seis anos de prisão.
12º - Onde anda Salomão???? Onde anda o superior interesse da criança?????
13º - A Sociedade (todos nós) conseguiu mais uma vez produzir uma obra prima, uma jóia da coroa da sua estupidez : Um anjo de asas quebradas de nome Esmeralda.

(cada dia que passa me sinto mais ET neste mundo)

JPN disse...

M., ainda bem que aqui vieste. A tua sensibilidade sobre esse assunto é muito importante. Uma precisão: o ponto 7, ocorre entre o teu ponto 4º e o ponto cinco, quando em Fevereiro de 2003 o pai diz "Alto e pára o baile". Talvez andasse mas é improvável que a pequena Esmeralda falasse. Temos de fazer uma sociedade de ETs um dia destes, M. :)