quinta-feira, abril 19, 2007
Quando o rei era sabão
Descia ontem a Rua da Misericórdia, apanhei-a com um grito. Ainda não tinha chegado ao Largo de Camões já ia com olhos de água. Ela não sabia ainda. E eu, meio sem saber o que fazer, em trânsito, mas a não querer deixar só com o desconsolo que lhe tinha assim dado de forma tão abrupta, levei-a pela mão até uma esplanada. Sempre foi, desde a Faculdade, uma pessoa rara. Às vezes, porque também não gosto de colocar em cada arquivo aberto na minha pessoateca a legenda "paisagem sem título", associo-lhe uma pequena imagem. A dela é sentada nos bancos de pedra dos jardins da Gulbenkkian a retirar os óculos e a dizer-me sorrindo: "- Ui! Apanhei agora um susto valente! O mundo todo ele exacto nos seus contornos, volumes e cores. Que monotonia seria o mundo se não pudesse ser míope de quando em vez!". Dos mundos: Quando o rei era sabão revela um pouco sobre o que a acolhe.
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1 comentário:
Não sei o que é mais bonito aqui...se as palavras, os desenhos, as cores...mas pensando bem, escolho as pessoas.
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