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domingo, junho 06, 2010

Escrever é ler

.
Leio e escrevo lendo
No espaço livre
Dos versos,
.
Leio no silêncio
Do espaço livre
Dos versos,
.
Leio e escrevo lendo
Os versos
E assim me entendo.
. .
Eduardo Graça, aqui
. [Tinha acabado de escrever no post anterior esta relação que em nós se estabelece entre o escrever e o ler e depois encontro, a propósito de uma pequena exaltação ao Prémio Camões deste ano (o poeta brasileiro Ferreira Cullar) este poema do Eduardo Graça que, pelo que me apercebo, interiorizou este hábito de escrever em diálogo com aquilo que lê. Lembro-me agora também, no encavalitanço que a memória é, de uma conversa tida um dia com Eduardo Prado Coelho num daqueles jantares depois das aulas - foi meu professor de uma disciplina de mestrado que já não sei o que era, recordo apenas o prazer de o ver tecer ideias umas a reboque das outras - em que ele confessava que muitas vezes abandonava a leitura de um livro para se deixar ir no entusiasmo da "escritura". Talvez os seus livros sejam como os do Eduardo, cheios de apontamentos, de diálogos cruzados, a transbordar de uma delicadeza que importa. ]

sexta-feira, março 26, 2010

Adoecer, com Hélia Correia

A entrevista do Público, de Raquel Ribeiro a Hélia Correia, é uma delícia. Apetece entrar naquele mundo deles, da Hélia e do Jaime. Imaginá-los a tocarem e a cheirarem a folha do caderno de Dante Gabriel Rosseti. Eles são dois seres preciosos. Hélia diz que Adoecer não é uma biografia de Elisabeth Siddal, que os biógrafos deixaram todos escapar esta dimensão que só este fascínio, este enamoramento a que ela e o Jaime se entregaram, podem tentar captar, e eu, quando ela diz de Lizzie Siddal aquilo que poderia ser dito de si mesma, penso no grande privilégio que é escrevermos, debruçarmo-nos, abismarmo-nos.

segunda-feira, março 08, 2010

Os novos lideres estudantis

Eu lembro-me de como, em 75, as RGAs inflamadas do Liceu D. Dinis em Chelas, me formaram politicamente. Os meus personagens tinham túnicas marroquinas, longos cabelos, pulseiras hippies e nomes como Luis Trotsky, Paulinho da UEC, entre outros. Negociavam ponto por ponto em RGAs que pareciam um rastilho de pólvora, quantas e quantas vezes voavam cadeiras pelo ar e alguns de nós tinham de passar pelos primeiros socorros com uma cabeça partida e justificavam-se com grandes ex-citações de Lenine, Marx, Mao. Foi aquilo a que repetidamente chamei, a minha ludoteca da revolução. Mudava de partido como mudava de camisa e de uma forma literal. Recordo-me bem de como a minha passagem pelo MRPP durou mais tempo do que a rotação semanal pelo POUS, PRP-BR, UDP, entre outros lampejos revolucionários, porque o emblema metálico do MRPP ficava de estalo numa túnica castanha de algodão que me tinham oferecido. Depois fiquei com a sensação de que a escola se tinha despolitizado. É, nessa perspectiva, muito importante a reportagem da Sarah Adamapoulos, na Noticias Magazine.

sexta-feira, setembro 18, 2009

O Homem Livre

O Homem Livre, de Filipe Verde, ao qual chego através do José Flávio. Vou depois dar à entrevista que lhe fez Gustavo Rubim, e onde se entrevê o brilhantismo do pensamento do seu autor, por quem tenho uma simpatia verdadeiramente invulgar face ao pouco tempo de convívio que até agora tivémos. Deixo aqui um naco:
"Chama à filosofia de vida dos Bororo "naturalismo ético". Para eles não há moral sem compreensão da natureza e do lugar dos humanos na natureza? Ou basta dizer que no pensamento Bororo aquilo a que chamamos "moral" não existe?
Não quero resumir o que se condensa na ideia de "naturalismo ético", nem é esse o propósito da pergunta, suponho. Há que ler o livro para ter uma visão da coisa. Mas no essencial trata-se do seguinte: um corpo de ideias sobre o homem e a acção pela qual o conformar dos comportamentos às necessidades da vida social (a renúncia à mera lei do desejo e da violência) é concebido não como o resultado de uma aprendizagem cultural ou de submissão a uma coerção social, mas como expressão e manifestação de propriedades centrais da natureza e dos processos vitais (natureza que é a mesma para homens, jaguares e aranhas). Nesse sentido, a compreensão da natureza é aquilo a que nós chamamos "moral". Uma moral que está presente, e como!, de uma forma que permite conciliar o inconciliável: enorme liberdade individual com uma ordem e paz social que roça a nossa ideia de utopia, mas uma moral que nunca se formula como tal. É uma moral do mesmo tipo que encontramos na Grécia de Homero, antes de Sócrates e Platão a terem tornado uma coisa prescritiva, e de a moral se ter casado com a religião e com a filosofia, que a ergueram contra a natureza e nos tornaram muito inautênticos, cada vez menos livres. E muito neuróticos. "

quinta-feira, julho 23, 2009

No Balanço do Mar, finalmente

É amanhã, na Sala Prado Coelho, às 22h30, o lançamento de "No Balanço do Mar" de Catarina dos Santos, o disco e o concerto mais aguardado pelos seus amigos e fãs. É com muito orgulho e amizade que estaremos lá, para aplaudirmos e sentirmos os ritmos e as melodias que cruzam influências entre o jazz, a música africana e a música brasileira. Não precisam de fixar já o nome, têm tempo. Têm muito tempo.

terça-feira, maio 26, 2009

O meu melhor amigo

Escrevi há pouco a frase "o meu melhor amigo". A amizade é em si uma das coisas melhores que a natureza humana inventou mas dentro dela o estatuto de melhor amigo é um lugar especial. Já não tenho melhores amigos, claro, esta é uma categoria que deixo para o meu filho. Ele é que se diverte - e angustia - com a actualização da lista dos seus melhores amigos. O melhor amigo dos escoteiros, o do colégio, o da piscina, o dos fins de semana com o pai, o das férias de verão. É uma galeria de pequenos heróis que se notabilizam nos afectos, na atenção, na alegria em estarem juntos. Agora tenho amigos que, espero conseguir salvaguardá-los para o sempre que a minha vida é para mim. Mas ainda hoje esta imagem, o melhor amigo, me leva longe.

quinta-feira, dezembro 18, 2008

A importância de não se entender a alegria

Ele vai sobrevivendo com uma alegria que ninguém entende. Espero que ele mesmo resista a entendê-la. Importa que continuemos a não a entender. Não há alegria no mundo como a ininteligível. Não há mundo como aquele que se permite não entender a alegria a que, devotadamente se dedica. E é quando fazemos o que importa que somos realmente importantes. O resto, o que fica de fora da alegria, são cães. Cães e sapatos.

Há um momento em que a juventude se perde

Hoje de manhã a minha caixa de correio estava contente. Um pacote, a deitar por fora, o que será?. O novo livro de poesia do Eduardo Graça, um livro fora dos circuitos mais tradicionais do mercado da edição poética. Li-o num sopro, entre a Graça e o Chiado, no meu 28 de sempre. São poemas em diálogo com frases dos "Cadernos" de Albert Camus, uma leitura apaixonada, que o autor empreendeu desde os 20 anos. Vou escolhendo alguns, mentalmente, como os meus favoritos: " A minha alegria não tem fim", "A tentação comum de todas as inteligências: o cinismo", "Ir até ao fim, não é apenas resistir mas também não resistir", "as primeiras amendoeiras em flor na estrada, frente ao mar", "Não posso viver fora da beleza", "O homem que eu seria se não houvesse sido a criança que fui", mas é quando chego ao fim que encontro aquele que me comove, que me escolhe a mim: "Há um momento em que a juventude se perde...", escrito para os 18 anos do seu filho Manuel. Um abraço, Eduardo, bem hajas.

terça-feira, agosto 19, 2008

Os dias da Sarah

Nestes tempos de blogo pausa é bom ver que a espuma dos dias está actualizada. Aqui ao lado, nos blogues de todos os dias.

quinta-feira, julho 24, 2008

Conversa (ainda) de olhos fechados

Ainda não é dia. Já não é noite. Sabemos que vem aí um novo levantar. Um novo fincar os pés no chão. Um novo não perceber, ir percebendo, até que, exaustos, ao cair da noite, os corpos rebentam do excesso de compreensão, de amor, de sexo. Serão sempre assim as nossas vidas. Por isso aquela ronha matinal. O falar dos sonhos.
- Tive dois sonhos estranhíssimos.
É sempre assim. Para uma coisa a sério, uma brincadeira. Não consigo evitar.
- Estranhíssimos.
Ela levanta a protecção dos olhos. Sinto-o. Olha para mim e vê que estou de olhos fechados. Fecha também os dela. Sinto-o. Conto-lhe o primeiro sonho. Adiante. É uma intimidade de casal. É uma peta para que o dia acorde a sorrir.
- E o outro sonho?
- Sonhei que ía num carro com o Luís a conduzir, eu ía ao lado, atrás ía a Cláudia, a Anabela e o Telmo. A certa altura a Cláudia, que estava no banco atrás de mim, dá-me a mão, faz-me uma festa na cabeça, eu agarro a mão dela, começo a chorar, depois o Luís desata a chorar também, um choro forte, nunca tinha visto um homem a chorar assim, a Anabela também, a certa altura a Elena passa num carocha ao nosso lado, está com um penteado parisiense, meio basco mas enfim, parisiense, olha-nos, percebe porque é que estamos a chorar, sorri, acelera, e de repente o nosso choro transforma-se em riso, um riso franco, o riso do Luís continua a ser o mais forte, o mais bonito, e depois olho para ele, olho para trás, e já só estava o Telmo e a Anabela, a Cláudia tinha desaparecido.
- É curioso....
- O quê?
- Eu também sonhei contigo e que a certa altura tu estavas a chorar abraçado a uma pessoa. E que depois saía de ti uma grande calma, uma espécie de luz.
Abro os olhos. A luz que entra no quarto dá-lhe uma paz imensa. Não sei que horas são, estou-me ralando.
- Quando dormimos com uma pessoa às vezes entramos dentro dos seus sonhos.- disse-me.

terça-feira, junho 17, 2008

Esse teu ar de principe da Baviera

Eu disse que quando escreve assim, estremeço. E depois ele escreve sobre este chá pelas cinco da madrugada e eu faço o quê?
"O Simão és tu por uma pena.Estás na mesma, pareces repousado até, lá aonde estás deves fumar umas cigarradas boas, sem ser às escondidas da mãe e dos médicos. Continuam iguais os teus olhos de azul marinho donde sempre vieram as palavras certas para me apaziguar as inquietações de todas as idades. Hoje estou outro, relativisado e com os teus assomos de paciência, mais aparente do que real. Agora sou um filho com rugas marcadas, e tu, pai, sem idade nem velhice, mas sempre com as mãos mais macias do mundo. Às vezes deixo crescer a barba a ver se me pareço contigo, mas não resulta, eu sou mouro e tu celta, nunca consigo ficar com esse teu ar de principe da Baviera."

domingo, junho 15, 2008

Um jardim cheio de árvores de fruto

O seu amigo Vicente. Tive o prazer de conhecer este exemplar da espécie humana. Tal e qual como contas. Lembro-me também dos parques infantis de madeira, empresa a que também lançou mão. Como de um certo pão que fez na Quinta do Cozinheiro e que, decerto porque lhe fugiu a mão nesse dia, era algo verdadeiramente intragável. Tenho saudades destes tempos em que a poesia de misturava com os caminhos. Mas não era de saudade que eu queria falar: era da vontade que ele solte as milhares de histórias da sua vida de andarilho do mel e explorador de abelhas.

quinta-feira, junho 12, 2008

Hotel mil estrelas

Quando escreves assim estremeço. Lembro-me das noites que passámos na magana da asseifa do crestanço, entre o zumbir das gajas que tu exploras, seu proxeneta do colmeal.

quinta-feira, maio 22, 2008

Plantar de manhã

São quase doze horas. No meu quintal, rodeada por alfaces atónitas por esta mestiçagem, desde há minutos, uma nespereira. Também, no canto das coisas únicas, chá de príncipe. Um acto de puro egoísmo, necessário ao meu metabolismo destas primeiras horas da minha vida em maio: guardo para mim o sabor, o cheiro, a presença. Hei-de voltar, mas voltarei depois ou com as palavras posteriores.
Outras plantações: oliveira, flor, Chico. Obrigado

terça-feira, maio 13, 2008

A Delta e o Zé

Por causa deste post deste post fui dar a este texto que me comoveu. A relação que temos com os animais é algo que me emociona. E esta história, pela forma como é contada, pela forma como o cão-guia assume o cuidar do dono, tocou-me. Ainda ontem tinhamos estado a falar de cães na esplanada, a propósito do Petra, o cão de um amigo. E depois lembrei-me que ao Zé V. também o tinha conhecido em casa de uma amiga, há poucos anos.
Vai assim em forma de abraço, este post.

quarta-feira, maio 07, 2008

Amigos

Há coisas que são inevitáveis. A morte. O riso. A alegria farta e natural diante do encontro, do amor, dos amigos, da festa. É inevitável também a linguagem. O cio. O ciciar. A tua pele, depois de a fazer minha. E agora, para mim, os 46. Ao começar a pedir reserva aos amigos apercebo-me dos mundos diferentes que cabem numa lista telefónica. Os novos amigos. Os amigos de sempre. Os amigos de caminhada. Os amigos breves, mas imensos, na imensidão que um pedaço de dia por vezes consegue ser numa vida inteira. À medida que vou compondo a lista apercebo-me de que é na amizade que me insatisfaço mais, é nela que melhor se revela esta minha incapacidade crónica para me dar. Este meu medinho de ser gente.
Em silêncio, faço uma jura, a partir de agora vai ser diferente, a partir de agora nunca esquecerei um amigo, uma hora, um abraço.

segunda-feira, maio 05, 2008

MC-L7C

O Movimento Cívico - Levem a Sete (do Oito e Coisa) à Colômbia deu resultado. E sorte também. Assim, quando ela voltar, Barcelona estará mais à sua espera. Boa Sorte, 7 !