Eu lembro-me de como, em 75, as RGAs inflamadas do Liceu D. Dinis em Chelas, me formaram politicamente. Os meus personagens tinham túnicas marroquinas, longos cabelos, pulseiras hippies e nomes como Luis Trotsky, Paulinho da UEC, entre outros. Negociavam ponto por ponto em RGAs que pareciam um rastilho de pólvora, quantas e quantas vezes voavam cadeiras pelo ar e alguns de nós tinham de passar pelos primeiros socorros com uma cabeça partida e justificavam-se com grandes ex-citações de Lenine, Marx, Mao. Foi aquilo a que repetidamente chamei, a minha ludoteca da revolução. Mudava de partido como mudava de camisa e de uma forma literal. Recordo-me bem de como a minha passagem pelo MRPP durou mais tempo do que a rotação semanal pelo POUS, PRP-BR, UDP, entre outros lampejos revolucionários, porque o emblema metálico do MRPP ficava de estalo numa túnica castanha de algodão que me tinham oferecido. Depois fiquei com a sensação de que a escola se tinha despolitizado. É, nessa perspectiva, muito importante a reportagem da Sarah Adamapoulos, na Noticias Magazine.
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