domingo, maio 06, 2007

Património afectivo

Há muito que na consolidação do sujeito a noção de património passou a ter um sentido mais amplo que a dimensão material. No outro dia falaram-me de um termo, património erótico, entre casais, e abriram-me a caixa de pandora: agora tudo o que é aventura identitária passa pelo crivo da existência patrimonial. Ontem dei por mim a descobrir, com uma clareza inabitual, que temos um património afectivo. E que toda a nossa vida é isso, a sua constituição. É pelo que amamos (e quando falo do amor falo de um sistema, que tal com o ódio, governa a nossa existência) e pelo que odiamos que nos vamos educando sentimentalmente. Olhando a minha vida assim, vejo que não amei tanto como poderia. Muitas vezes deixei o ódio ocupar partes da minha vida. Eu sei, foi pouco. Mas foi demais.

2 comentários:

Anónimo disse...

Existe outro conceito curioso, legado geracional ou herança geracional, é como assim dizer aquilo que recebes-te consciente e inconsciente dos teus antepassados e agora passas para o teu filhote, um rio subterraneo do inconsciente colectivo da tua tribo. O teu filhote é um sortudo. :-)
maria joão

apicultor disse...

E há o património histórico-afectivo que é uma pequena variante. Passamos a vida a contar a historia dos nossos amigos.