terça-feira, maio 01, 2007

TÁXI-TVI

Também acho pouco emocionante o destino de Pina Moura. Não é de agora. Há alguns anos que partilho desse desinteresse. E também sempre achei um escândalo a atribuição de um canal à Igreja. Já falei disso aqui vezes sem conta. É para mim um dos maiores casos do país posterior a Abril. Porque antes já se sabe. E mais escandaloso que a Igreja tenha passado essa licença de radiotelevisão a um grupo empresarial que não concorreu para a sua aquisição . Como se as licenças de televisão fossem aquele estranho negócio de atribuição/trespasse de licenças de táxi em vigor na capital. É um escândalo que mostra muito bem como vivemos num país de saloios, das senhoras de, sejam à esquerda ou à direita. Não vi nenhuma grande investigação conclusiva no Público, no Independente, no Diário de Notícias, no Correio da Manhã, na SIC, na RTP, na TSF, na Procuradoria Geral da República por este escândalo à vista desarmada. Dos partidos com assento parlamentar, não ouvi nenhum pedido de abertura de inquérito, nenhuma posição pública. PS, PSD, CDS, PCP, Bloco de Esquerda, Verdes consentiram pelo seu silêncio político. O caso era político mas parece ser também da esfera criminal. O Estado concedeu (extra-concurso, creio) uma licença de radiotelevisão à Igreja Católica Apostólica e Romana . Esta passou um bem, do qual só detinha o usufruto, a um grupo empresarial privado. Este nem olhou para o projecto que a Igreja tinha apresentado para solicitar o alvará de televisão. Parece ter havido aqui um crime lesivo dos interesses do Estado. Não sei onde, nunca percebi. Se no desleixo do legislador que outorgou o alvará televisivo e não cuidou de que, no fim do seu projecto de exploração ele deveria retornar ao Estado, se na prevaricação do explorador do alvará que indevidamente o terá trespassado, se na conivência do poder político e judicial sobre o não esclarecimento público de como é que tudo isto se passou . E já agora, por mera curiosidade, o que é que se passou de facto?

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