quinta-feira, junho 14, 2007

Posts rupestres

Às vezes perguntam-me como é que sou capaz de escrever aqui coisas tão intímas. Um dia haveremos de falar mais demoradamente disto, da vinculação da realidade do blogger à vida da pessoa que, blogando, se constitui enquanto blogger. Mas enquanto essa conversa não ganha vez, a resposta possível: eu nunca seria capaz de escrever sobre a minha vida aqui. Por milhares de razões mas principalmente por esta: eu nunca a acharia suficientemente interessante para fazer dela história pública. O que escrevo é sempre uma vida outra. Mesmo quando se parece tal e qual como a minha. Não fui eu que inventei isto. Há uns milhares de anos uns nossos antepassados, nas grutas, talvez do Paleolítico, começaram a figurar a realidade. A partir daí, com mais ou menos sofisticação, tudo ficou inventado.

5 comentários:

Mónica (em Campanhã) disse...

mas não deixa de ser intimidade. talvez até a figuração das coisas nos leve ainda mais próximo da tua intimidade do que o que iríamos por simples factos reais.

já não sei quem o dizia "a verdade é independente dos factos"

CCF disse...

Qual é a diferença entre a intimidade figurada nas gravuras e (trans)figurada em palavras aqui no blogue? O que os movia e o que te move é o quê?
~CC~

Anónimo disse...

Encaro a grande maioria dos teus posts como exercícios da tua faceta de dramaturgo. Quando comecei a ler o teu blog ainda tentei perceber quais os exercícios e quais os posts da vida real, mas no fundo é a escrita que interessa :)

blue

Maria Clarinda disse...

O que interessa no meio disto tudo é ter a satisfação de te ler.
Jhs

Isabela Figueiredo disse...

As coisas proibidas. O que é intimo. O que é vergonha. Estou-me cagando para isso tudo. Sempre estive. E tu sabes.