Comprei recentemente uns binóculos para poder aproximar-me ainda mais aos barcos que andam no rio. O meu objectivo é ainda mais ambicioso: ver claramente a paisagem humana. Gosto dos barcos, das casas, das janelas, dos alpendres pendurados em direcção ao rio mas o que tranquiliza a minha noite são os rostos humanos escavados no longe que a paisagem é. Fico menos só assim. É um hábito antigo. Quando era criança sentia-me protegido escondendo-me no buraco destinado ao radioador ou à braseira que havia na mesa de camilha. Fazia pequenos buracos na coberta e espreitava por aí. Na altura pensava que poderia ficar assim toda a minha vida. Não podia. É preciso sairmos, irmos às compras, trazermos víveres, mantimentos, entretermo-nos. Numa dessas idas e vindas descobri, ontem, um novo ponto de observação.
A varanda do Lux. E apercebo-me, pelo nome da embarcação, de que tenho diante de mim o barco que na véspera me tinha intrigado tanto. Decomponho-o, ao pormenor, pensando num novo vaivém entre a minha janela e a varanda da discoteca.
1 comentário:
Os posts são tão bons e de tal criatividade, que não posso deixar passar em branco um erro ortográfico neste último... Não é "uns binóculos", mas sim "um binóculo" = dois óculos... "uns binóculos" seriam vários pares... Abraço e não leve a mal o reparo. Ass: Fanático
Enviar um comentário