quinta-feira, setembro 06, 2007

Mazzagran

Saio do Vertigo. Não sei porque é que as coisas acontecem. Um bébé entediado com a conversa telefónica da mãe entrega-se-me nos meus olhos confiando-me um sorrir escancâro. Aquela pitada de canela em pó ficou-me no paladar. E bastou, à saída, colocar os auscultadores para que o violino do Travadinha, que ainda tocava, me levar longe, longe, longe. Todos os silêncios dentro de mim. O meu corpo dança sem consentimento. Já nem preciso de um par. Falta-me apenas um bocado de mar. Podia ser o mar de Cabanas. O ficar ali, por último, para último, até ao derradeiro barco vi limpar a ilha de movimento humano. Comovo-me com a simplicidade do que me basta para ser estremeção. É preciso uma pitada de sorrir. Um pouco de canela despropositadamente na goela. E a música, o choro manso do violino de Travadinha. O resto vem na maré, na maré viva.

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