sábado, setembro 29, 2007
O teu Viking !
Grande excitação. Chegámos ao fim da tarde. Para derreter as vergonhas vamos fazer uma actividade exterior: tirar os bravos, ou os ladrões - porque roubam a força à árvore - às oliveiras com uma tesoura de poda nova. O Pedro e o Zé Mário fazem a lide juntos e começam logo ali uma brincadeira que nunca mais se há-de lembrar das timidezes, dos envergonhanços. Simão, o mais novo, não participa tanto nas brincadeiras. É mais reservado. Tem os seus jogos, os seus personagens, é mais novo cerca de três anos do meu e quatro do irmão. Já se passou muito tempo, caíu a noite na planície. Na sala faz-se cinema (tradução: fizémos pipoca, colocámos a sala às escuras e estão a ver o dvd das formigas. Venho para o escritório e ele aproxima-se. Quer ajustar a luz do candeeiro para que eu possa ver melhor.
Fico comovido. É o primeiro momento que temos em conjunto. Até agora eu sou apenas o pai do miúdo que lhe sonegou o irmão às brincadeiras. Estendo-lhe os braços para um abraço. Ele diz-me que não. E faz uns gestos esquisitos, rodeando-me com o braço, batendo com a mão do ombro esquerdo, e depois no ombro direito e finalmente na cabeça:
- Eu sou o rei e armei-te viking!
Fiquei aos pulos por dentro. Desde essa altura até agora já me trouxe pipoca - tem vitamínica, disse-me - e leite. E uma espada imaginária para eu me defender. E diz-me que há muitos tesouros escondidos no ar que nos rodeia. No espaço em volta. Sou Viking de um rei bom que cuida e zela dos seus súbditos. Vou dormir em paz, hoje. Sou de uma pátria que não existe e de um rei que me vela.
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2 comentários:
linda história :)
é bom brincar com as crianças, são momentos de ouro!
Essas pátrias e esses reis são, sem dúvida, os melhores!!
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