Vai de acampamento este fim de semana. Fui jantar com ele ontem, para mitigar saudades, a falta que ele faz. Estive a ler, para além das provas que fez, na escrita, na grafia, no cálculo mental, a inglês, a ficha de avaliação do colégio, feita pela sua professora abrangendo todos os domínios, incluindo as expressões artísticas, a moral e religião. Olho para ele, este bicho de conta a crescer. Ele retribui-me o olhar:
- Sabe que eu já não vejo o Panda? - disse-me quando estávamos no quintal.
- Não vês?
- Não. Agora vejo as telenotícias.
E eu a lembrar-me que com a idade dele tinha também começado a ver as telenotícias. No meu tempo eram as imagens a preto e branco da Guerra do Vietname. E tinha o Pedro Homem de Melo, com as danças e cantares. Ou o Nemésio, se bem me lembro. E o Villaret. Ou as conversas em família, do Caetano. - E porque é que fazes isso?
- Ó pai?! Já tenho sete anos...o panda é assim um bocado para bébés...
- Mas ao que é que tu chamas telenotícias?
- São sobre as coisas que acontecem.
- Anda lá mostrar-me.
Entramos em casa. Ele, que em casa da mãe é quem domina toda a sorte de aparelhagens da sala, controlos remotos incluídos, liga-me ao jornal da TVi. É uma ficção da realidade, claro. E sou eu que, roubando-lhe o comando, quero voltar ao Panda. Estou viciado em desenhs animados.
1 comentário:
Que lindo texto. Gostei muito
:)
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