quarta-feira, julho 23, 2008

O Atlântico de dez em dez anos

Há dez anos um convite inusitado fez-me atravessar o Atlântico em direcção à cidade da grande maçã para dizer poesia num encontro dedicado a Jorge de Sena. Ainda estavam de pé as torres gémeas. Eu estava para me casar na altura. Dois irmãos meus, um na poesia e a outra, irmã dele, portanto, irmã minha, fizeram tudo para que eu provasse a maldição da grande cidade: mais vinte e quatro horas e nunca mais sais daqui, disseram-me. Atrasaram-me o relógio, telefonaram para a TWA para trocarem o voo mas à última da hora ouvi o chamamento do Gepeto. Nem cheguei a trincar a maçã, era um adão assustado, acossado. Dez anos depois um novo convite, não menos inusitado e nada esperado leva-me a atravessar outra vez o Atlântico. A vida tem de mudar para melhor: desta vez a noiva vai comigo.

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