quarta-feira, agosto 20, 2008
Os blogues ardem pior
"Numa altura em que as tiragens dos livros de poesia, mesmo em editoras e colecções de referência, baixam dos 500 exemplares, o que justifica o recurso à impressão digital, creio que deixa de fazer sentido que a nossa atenção crítica à poesia que hoje se faz em Portugal se limite à publicada em livro. Precisamos de uma crítica que se emancipe da forma-livro e que preste atenção quer às dimensões performativas da poesia em acto, hoje num processo de exponenciação multimédia, quer à multiplicidade de suportes em que ela ocorre, ainda quando escrita. Porque o que temos, na melhor das hipóteses, é uma declaração da «dignidade universal dos suportes» sem contudo qualquer contrapartida efectiva, no que toca ao seu reconhecimento pelo discurso crítico, que, digamos, prolonga, sob outras formas, a sua histórica resistência a ocorrências da poesia como as da poesia experimental ou da poesia sonora, que foram em rigor formas de comutação de suportes. Ou seja, ficamos, mais uma vez, divididos entre o silêncio de uma crítica que não consegue reconhecer a poesia senão em forma de livro, e as reacções afectivas dos leitores, quase sempre limitadas a manifestações de pathos, nas caixas de comentários." Subscrevo totalmente.
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2 comentários:
Os momentos de depressão são propícios para a feitura da poesia, mas menos para a sua leitura.
Concordo: há excelentes poetas na blogosfera.
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