No dia 8 de Setembro, em pleno coração da baixa lisboeta, e independentemente do que vier a seguir, terminará para mim um pesadelo que começou quando Bagão Félix, no príncipio de 2003, chamou Eduardo Graça ao seu gabinete e o avisou que o ía demitir (porque ele tinha tido a ousadia de dizer publicamente que deitava no lixo as cartas anónimas que corriam na instituição a que presidia). Compreendia-se. Bagão Félix tinha assentado a arquitectura de uma sindicância - de cujo apuramento dos factos nunca conheci expressão pública embora tenha sido testemunha directa do ridiculo em que, nalgumas situações, se tomou a sanha persecutória - nessas cartas anónimas. Era a direita, tutelada por Paulo Portas, a tomar de assalto o aparelho de estado. Não tenho com os que aí vêm nenhuma afinidade, nenhum conhecimento. E não espero outra vantagem que não seja, em primeiro lugar, o fim do pesadelo. Pesadelo que foi também, na forma como o senti, uma espécie de sequestro da coisa pública. E em relação à coisa pública, desejo que, de uma forma geral, o aparelho de estado seja, progressivamente, libertado da influência do contrabando politíco partidário. Os partidos, tal como os sindicatos, as universidades, as associações, a vida empresarial, são, com toda a propriedade, legítimas fontes de recrutamento de quadros para a missão pública, mas esta muito ganhará se o processo de angariação for feito de forma transparente, através de "cadernos de encargos politicos" previamente estabelecidos.
1 comentário:
wishful thinking
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