Ao regressar de um dos países com um dos maiores indíces de violência urbana do mundo o tema da onda de criminalidade em Portugal não me parece muito entusiasmante. Há uma realidade psicológica, de natureza subjectiva, que organiza os factos e que os enuncia e que condiciona aquilo que eu posso pensar sobre o assunto. Talvez deva começar por aí. De qualquer modo as trincheiras do (não) pensamento sobre a (in) segurança já estão constituídas e a qualquer momento poderei engajar-me nelas. Essa obssessão por tomar partido pode esperar mais uns dias. Lembro-me que nas simpáticas ruas de Teresina a calma parecia reinar. Lembro-me que estava no Teatro 4 de Setembro, era noite, queria ir para o hotel, perguntei se era seguro. Tranquilo, não há nenhum problema disse-me alguém. No mesmo instante alguém apanhou um táxi para o mesmo destino, invectivado por um outro interlocutor, que lhe disse, "que loucura! não vá a pé, é muito perigoso!". Ao chegarmos a Fortaleza, dividimos um táxi com o Rogério de Carvalho e fomos dar um passeio pelas praias de Iracema e Futuro. Que era seguro, que não havia nenhum problema. No aeroporto o Carlos Melo que pretendia fazer o mesmo ficou pelas lojas do aeroporto depois de ouvir um " ao domingo é muito perigoso passear por lá".
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