Um episódio suplementar. Pelos inícios de 1976 estava à boleia numa das saídas do Porto, a caminho do sul, quando parou um carro de elevada cilindrada dirigido por um cavalheiro que se ofereceu para me levar e que durante a viagem se apresentou como «empresário da indústria do algodão». A revolução tinha chegado ao fim e, apesar da «democrática» boleia a desconhecidos ainda ter subsistido por mais alguns anos, pessoas como aquela podiam já dar largas ao ódio mortal por «esses comunas de m…» que tinham «dado cabo disto tudo». No banco de trás do carro, um livro que ia começar a ler e, segundo dizia, esperava pudesse ser para ele de grande utilidade: Como Iludir o Povo, de Lenine, numa edição da Centelha (da qual, por acaso, conservo um exemplar). Rui Bebiano n' A Terceira Noite.
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