Eanes, que foi um ícone da minha juventude, recusou os retroactivos de uma pensão de general que teria direito a receber se ele próprio não tivesse assinado um despacho a impedir os presidentes de acumularem tenções e pensões. Foi Soares, o malandro, que o encostou à sua integridade de beirão, obrigando-o a assinar a sua própria sentença. Sócrates, outro beirão, e por isso não menos íntegro, depois do apelo de Cavaco, e de um parecer do provedor de Justiça, queria oferecer-lhe mais de um milhão de euros para reparar aquilo que, no dizer de Manuela Eanes, seria uma injustiça a que o marido a si mesmo se remetera. Eanes não aceitou os milhões, só os milhares. Não foi Manuel Martinez Mendiero que o disse. Foi José Cipriano das Dores. Chegou-se ao pé de mim e descalou a alma:
- Ó senhor Doutor ponha lá no seu blogue qu' isto é uma vergonha! Atão em vez de fazerem com que deixassem de se acumular rendas com pensões, vamos voltar ao antigamente? Isto são mas é uns bandidos. Uns hijos da puta!
E assim ficou. Não assino por baixo do José Cipriano das Dores, claro. Ele é uma personagem de ficção, existe para isso mesmo. Mas gostava que alguém me explicasse se no decorrer deste processo alguém pensou que não é muito razoável o mesmo Estado que paga um ordenado de ex-presidente, pagar-lhe uma reforma de general. Quem é que afinal anda a tramar o serviço nacional de pensões?
1 comentário:
...e o cavaco quantas reformas tem?
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