"No primeiro capítulo, faço uma reflexão sobre o que quer dizer responsabilidade e confronto-a com o que normalmente é considerado a sua medida: o dever e a obediencia.A partir daí, chego a uma definição de loucura que diverge da preconizada pela Psicologia e Psiquiatria oficiais.A perspectiva destas últimas limita-se a apreciar o comportamento humano apenas com base no respectivo relacionamento com a realidade o que óbviamente, tem a sua razão de ser.Só que impede, assim, a aproximação a uma patologia menos evidente e mais perigosa, de cujo método próprio a dissimulação faz parte: a loucura que se encobre a si própria e se mascara de saúde mental.Essa não tem dificuldade em ocultar-se num mundo em que o engano e o ardil* são comportamentos adequados à realidade. Ao mesmo tempo que os que já não aguentam a perda dos valores humanos no mundo real são considerados "loucos", atesta-se a normalidade àqueles que se separaram das suas raízes humanas.E é a esses que confiamos o poder, permitindo que decidam sobre as nossas vidas e o nosso futuro.Pensamos que eles têm a atitude certa perante a realidade e sabem lidar com ela; mas o "relacionamento com a realidade" de uma pessoa não é o único critério para determinar a sua doença ou saúde mental."
1 comentário:
"Ao mesmo tempo que os que já não aguentam a perda dos valores humanos no mundo real são considerados "loucos", atesta-se a normalidade àqueles que se separaram das suas raízes humanas".
É o que vejo, o que sinto, o que me dói, esta distorção que desumaniza a sociedade e lhe rouba o oxigénio.
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