Olivesaria

Vim para os Olivais no princípio da década de setenta e vivi lá até ao príncipio da de noventa. Vinte anos passados num bairro com uma história politica, social e cultural singular. Daí nasceram vivências que foram ficando lá no fundo em que o passado se vai constituindo. De repente tudo isso de um outro modo: um grupo de pessoas que apareciam através de nicknames que espalhavam na blogosfera identidades tão fortes como aquelas que comigo cresceram entre oliveiras, criaram a Olivesaria. Foi o prazer de reencontrar algumas pessoas,de conhecer outras, algumas das quais com percurso próprio na blogosfera. Criei lá uma identidade, o João Belo, assim se chamava a rua onde vivi. A maior parte de nós tinha também nomes dos lugares, de ruas. Durante ano e pouco criei uma identidade que fazia já parte de mim, e eu que sempre detestei as alcunhas, e foram muitas, que se me foram colando ao longo da vida, desenvolvi um carinho muito especial por ela. Por vezes encontravamo-nos, por dentro das amizades reais, em carne e osso, que estas vivências virtuais porporcionaram e já nem sabíamos se nos deviamos tratar pelos nomes de guerra ou pelos da nossa adolescência. Durante muito tempo o segredo sobre as nossas identidades fazia parte deste espírito do Olival e eu calei a identidade do meu nickname. Hoje, com as novas linhas editoriais, arrumei a minha segunda identidade blogger no armário. E o engraçado é que senti aquele solavanco um pouco nostálgico de quando as férias grandes acabavam e nós estávamos entre a memória recente do folguedo de verão e uma certa curiosidade para ver as novas turmas, os novos horários, os novos professores. É assim que me sinto em relação a este projecto ( onde continuarei, com a regularidade que me for possível, a colaborar, já como jpn).