Eu gostava do Outono, quando era criança. Gostava do pão por deus, do são martinho, da chuva nos caminhos, da terra molhada, daquela humidade nas botas e nos pés e depois aquele quente do radiador da mesa de camilha, aquece-te aqui quim paulo, não devias ter andado há chuva. Gostava das poças de água, da terra mais macia para podermos fazer três covas e jogar ao bilas, ao guelas. O Outono tinha cheiros próprios que desfaziam o Verão e diziam que a vida recomeçava outra vez. Outra e outra e outra vez. Eu só ficava triste no Natal. Agora não. Vem Outubro e eu começo a ficar sem mim. O primeiro de Novembro é o começo da escalada, que só terminará no final do mês. Por vezes penso por onde andarão os meus amigos de escola?, é assim que eu sempre chamei à universidade. A escolinha. A fábrica de parafusos da Isabela. Há meses que eu riscava do calendário. E mesmo correndo o risco de ficar sem infância, outono e novembro, queimava-os.
2 comentários:
eu ainda gosto do Outono. do frio, da terra molhada, do orvalho que o vento sacode com as folhagens.
A árvore da imagem é estranhamente simétrica
Enviar um comentário